A área desmatada no Cerrado equivale a 1.110.326 hectares, que corresponde principalmente a locais na região do Matopiba entre Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão.
A pesquisadora chamou atenção, que diferente do que ocorreu nos outros biomas, no Cerrado o aumento do desmatamento também foi registrado em territórios indígenas e áreas de proteção ambiental.
Nos dados gerais do RAD 2023 foi detectado desmatamento de uma área de 1,8 milhão de hectares devastados em todo Brasil, o que significou uma redução de 12% no desmatamento na comparação com 2022.
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O secretário Extraordinário de Controle dos Desmatamentos e Ordenamento Ambiental e Territorial Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), André Lima, destacou as ações do governo federal para diminuição do desmatamento, mas ressaltou que é preciso avançar mais. “Desmatamento ilegal é consenso. Não dá para a gente [governo federal] financiar desmatamento ilegal”, afirmou o secretário, destacando que haverá um mecanismo para acelerar o processo de suspensão de cadastro dos produtores que provocarem desmatadores ilegais e impedir o acesso ao crédito governamental, conforme já prevê o código florestal.
O evento de lançamento também contou com a presença do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, que falou sobre o trabalho concentrado em municípios brasileiros que já apresentavam altos índices, diante da falta de profissionais no órgão que passou por um sucateamento nas gestões anteriores.
“Existem diferentes realidades do Brasil e apenas o Comando e Controle [Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento] não vai ser suficiente. Precisamos desse sistema, mas também precisamos voltar a criar áreas protegidas”, defendeu Agostinho. Segundo ele, está previsto concurso público para contratação de novos servidores para o órgão.
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O representante da Coalizão Brasil Clima Floresta e Agricultura, Fernando Sampaio, reforçou a importância de o governo vetar o financiamento daqueles que promovem desmatamento e acredita que essa ação pode interromper a situação grave do Cerrado. “Eu tenho a impressão de que esses dados são fruto de um sentimento de alguns de que precisam desmatar tudo enquanto dá, porque daqui a pouco não vai dá mais”, analisou o representante da Coalizão, que alertou sobre a necessidade de intensificação das ações contra o desmatamento no Cerrado.
Governo do Distrito Federal
Em nota, a Secretaria de Comunicação (Secom) do governo do Distrito Federal (GDF) destacou os dados absolutos de área desmatada para minimizar o crescimento do desmatamento no DF, que tem o menor território entre as unidades da federação.
“A área técnica do Brasília Ambiental explica que a interpretação dos dados do desmatamento por estado do MapBiomas, no que se refere ao Distrito Federal, deve ser diferenciada, devido à escala territorial, que é que compara o tamanho do DF com a extensão de todos os outros entes federativos”, destacou a nota, ressaltando os dados absolutos em que o DF aparece o quarto ente federativo que menos desmata.
“Em 2022, por exemplo, foi detectada uma área desmatada de 90 hectares, e em 2023, 638 hectares, o que representa um crescimento de 612,5%, que pode até parecer muito, porém significa apenas 0,27% de perda de vegetação nativa no DF”, destacou a nota da Secom.
Ainda na nota, o governo do DF pontuou que “no que se refere a medidas de proteção ambiental para o Cerrado, o Instituto Brasília Ambiental informa que, dentro do que lhe compete, está criando novas unidades de conservação, espaços protegidos como as Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) e servidão ambiental”.
A Secom também apresentou ações que vem sendo desenvolvidas, como a contratação de 150 brigadistas destinados ao combate dos incêndios florestais nas UC’s sob a gestão do Brasília Ambiental, no período de junho a novembro e a publicação do Decreto de Emergência, que declara o estado de Emergência Ambiental no DF com relação aos incêndios florestais.